Com a comoção dos fãs pela morte de Michael Jackson, ganharam força as suspeitas ligando a rotina do rei do pop ao uso abusivo de fortes analgésicos, o que pode ter ajudado a abreviar uma vida repleta de sucessos e extravagâncias. Quando foi socorrido por paramédicos na mansão que alugava em Los Angeles, no dia 25 de junho, o cantor de 50 anos não respirava e estava sem pulso. Acabou morrendo em seguida, no hospital da Universidade da Califórnia, para onde foi levado de ambulância. Enquanto o laudo da necropsia não é concluído, o consumo excessivo de medicamentos continua sendo cogitado como causa da parada cardíaca.A dependência não chama a atenção apenas em casos de grande repercussão. No Brasil e em vários outros países, analgésicos são vendidos sem restrições e estão à mão de qualquer um. Cabe, então, a pergunta: o uso indiscriminado pode prejudicar a saúde? A resposta é sim, mas não há motivos para alarde.Os analgésicos são divididos em várias categorias. A mais comum é a dos medicamentos leves, como dipirona e paracetamol, indicados para dor de cabeça, por exemplo. Esse tipo não causa dependência e é vendido livremente, mas alguns alertas são necessários. O paracetamol, se consumido em demasia (mais de oito comprimidos de 500 miligramas diários), pode ocasionar lesão no fígado. No caso da dipirona, a dose máxima recomendada é a mesma, e apenas em casos específicos – como gripe ou febre, por exemplo. O consumo continuado por mais de 10 dias, mesmo que abaixo dessa medida, também deve ser evitado. É importante sempre pedir orientação médica. Quem toma esses remédios com frequência precisa consultar um especialista. Afinal, a dor é sinal de que algo está errado.As substâncias citadas como vilãs no caso de Jackson são de uma outra categoria, mais forte, que não é encontrada nas prateleiras. São os opioides, derivados do ópio. Na mesma família, estão nomes do calibre da morfina e da meperidina (demerol, que seria usado pelo cantor). Além de aliviar a dor, causam euforia no usuário, e é essa característica que pode levar à dependência.– O uso desenfreado desses medicamentos pode reduzir o efeito analgésico. O paciente que usa o remédio por um tempo prolongado fica tolerante à ação do princípio ativo. Isso significa que a dor pode não passar, e a pessoa terá de aumentar as doses para conseguir se livrar dela – explica Lúcia Miranda Monteiro dos Santos, chefe do Serviço de Dor e Medicina Paliativa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.Os opioides, no entanto, têm um papel preponderante em vários casos.– São prescritos, por exemplo, a pacientes com câncer e traumas graves, como fraturas na coluna. Desde que sob orientação médica, são essenciais em vários tratamentos – explica a psiquiatra Lorena Caleffi, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
Fonte: Carderno Vida da Zero Hora
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