segunda-feira, 13 de abril de 2009

A CARÊNCIA ALIMENTAR DO PASSADO RECENTE


Há algum tempo, nossos problema de saúde era a principalmente as doenças infecciosas: pneumonia, tuberculose, difteria, febre tifóide e varíola eram as piores. Com o avanço da medicina, das condições sanitárias e da saúde pública, foi eliminada a maior parte das epidemias infecciosas. Uma nova série de doenças nos aflige agora: são as pragas modernas, já que seus índices aumentaram juntamente com o aumento da venda e distribuição de certos alimentos, assim como o crescimento da tecnologia dos alimentos.
No topo da lista estão diabete, câncer, doença cardíaca, ataque cardíaco e obesidade. A lista também inclui: asma, artrite, ansiedade e depressão, esquizofrenia, violência e outras.

É interessante lembrar que as deficiências alimentares já causaram sérios problemas de saúde, não sendo um fenômeno novo na historia. Assim mais de 100 anos atrás, o arroz polido branco substituiu o marrom integral como alimento básico em todo o Oriente ( Japão, Índia , Indonésia, etc.). A razão disso era simples: arroz branco se conserva melhor , podendo ser armazenado durante meses ou anos, sem deterioração. Entretanto, a casca externa, eliminada, contém maior parte das vitaminas e dos minerais do grão. Sem esses vitaminas, a dieta ficou deficiente em tiamina ( vitamina B1). A deficiência causou epidemias de beribéri, que mataram e aleijaram milhares de pessoas. No beribéri seco, os nervos degeneravam e os músculos atrofiavam. A paralisia iniciava-se nas pernas e se espalhavam para o resto do organismo. Podia a ver psicose grave. No beribéri úmido, as vitimas apresentavam insuficiência cardíaca congestiva e grandes edemas. Os sintomas apontavam para muitas doenças. Mas, as evidencias finalmente indicaram uma doença: o beribéri. A tiamina foi sintetizada nos laboratórios na década de 1930 e , quando introduzida na dieta, muitos pacientes enfraquecidos ou doentes mentais apresentaram melhoras recuperação milagrosa.

Outra deficiência, a pelagra ( deriva da palavra italiana, que significa pele grosseira), devastou a Europa durante o século XVIII. A pelagra comprometia muito mais do que a pele. Causava problemas mentais e físicos. Alguns sintomas eram diarréia, dermatite e demência ( os 3Ds). A boca e a língua ficavam vermelhas e ulcerada. Às vezes, as ulceras se estendiam para o trato digestivo , com dor , diarréia ou constipação.a pele podia apresentar-se seca, erimatose escamosa, com espessamentos e cicatrizes permanentes. Fadiga, enfraquecimento, cefalalgia e artrite eram outros sintomas apresentados. Os sintomas mentais podiam variar de irritabilidade, nervosismo e depressão, a neurose e psicose grave.

A maioria das pessoas afetadas subsistia com dietas deficientes , constituídas por óleo de milho, xarope de milho, um pouco de banha, milho ou óleo de algodão e biscoitos de farinha de trigo refinada. As vitimas raramente tinham acesso a dietas melhores, com leite, ovoc, carne ou peixe.

Foram necessários 100 anos para os médicos reconhecerem e reunirem os varia dos sintomas numa única doença. Mesmo assim , a maioria das autoridades medicas resistia contra a conexão entre doença e nutrição, continuando a procurar uma causa infecciosa. Em 1937, a niacina foi identificada como membro de vitaminas do grupo B, sendo indentificada com o “fator que previne a pelagra”. Logo a após, Oe relatórios médicos descreveram recuperações milagrosas em pacientes que recebiam niacina. Em 1945, os cientistas descobriram que a niacina , em pequenas quantidades , poderia ser formada no organismo a partir do triptofano. Outro mistério fora resolvido.

Nós sempre fomos lentos para reconhecer deficiências nutricionais no passado. A historia da vitamina C é particularmente sugestiva. Hoje sabemos que a deficiência de vitamina C na dieta produz escorbuto, uma doença antiga, muitas vezes mortal, caracterizada por lesões cutâneas, vômitos sanguinolentos e morte. Mas isso não era sabido pelas nações da Europa Ocidental quando, no século XV, colocavam seus navios no oceano. Sem vegetais e frutas suficientes, as missões perderam grande parte da tripulação devido ao escorbuto.


Na viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497, entre Moçambique e Sofala, começou a aparecer o escorbuto na tripulação. O cronista Lopes de Castanheda descreve que, depois de transpor o Cabo das Tormentas, Vasco da Gama acreditou já estar encontrando sinais da Índia que procurava. Por isso, colocou o nome de Bons Sinais no rio a que chegou, nas costas de Moçambique, e resolveu consertar aí os seus navios,...

(...) o que foi feito em trinta e dois dias, e o consertaram muito bem: e neste passaram nossos assaz de trabalho com uma doença que lhes sobreveio (parece que do ar daquela região) que a muitos lhes inchavam as mãos, e as pernas e os pés. E com isto lhes cresciam tanto as gengivas sobre os dentes que não podiam comer e apodreciam-lhe, de maneira que não havia quem suportasse o fedor da boca, e com estes males padeciam dores mui grandes, e morreram alguns o que pôs a gente em grande desmaio.
(...) e mais por adoecerem os mais deles de lhe incharem as gengivas e lhes apoderecerem assim como no rio dos bons sinais e faziam-se-lhe medonhas chagas nas pernas e nos braços de que morreram trinta pessoas e os outros tanto montavam como mortos que não se podiam bolir, e com isto ia faltando a água e apertava-se a regra.

Vasco da Gama tinha 148 homens ao partir de Lisboa e retornou com 55. A maior parte dos 93 mortos pereceu de escorbuto. Como se vê, Castanheda acreditava tratar-se de uma doença do próprio local ("do ar daquela região").
Finalmente, em 1747, um cirurgião naval Inglês chamado James Lind descobriu que as laranjas e limões curavam pacientes com escorbuto. Seus clássicos estudos, publicados em 1753, são os primeiros a provar que um elemento essencial da alimentação podia prevenir a doença. Após outros 50 anos, a marinha britânica exigiu rações de limões ou laranjas em seus navios. A molécula de vitamina C ( ácido ascórbico) não seria descoberta até 1932, quando Charles Glenn King e W.A Waugh, da universidade de Pittsburgh, isolaram a substância cristalina do suco de limão.
FONTE:
O Equilibrio do ácidos gordurosos.

3 comentários:

Vivian disse...

Bom-dia !! Passei pra agradecer a visita ao meu blog, volte sempre.
Adorei o teu blog, muito informativo. Sempre tive curiosidades a respeito de nutrição e adorei ler esse primeiro texto por aqui. Vou acompanhar

Boa semana

victor simoes disse...

Olá Marcela, parabéns por este excelente texto de divulgação da história da nutrição. A internet tem destas coisas boas, a possibilidade de difundir e transmitir conhecimento!

PS: Relativamente ao convite que te enderecei para participares no " A Voz do Povo ", envia-me o teu e-mail de acesso à conta blogger para;
victorvalesimoes@gmail.com
enviar-te-ei o link de acesso para te registares e poder editar neste blogue colectivo.

Um bj

Fred Benning disse...

Dedicatoria ao Alimentos,Nutrição e Informação.
Beijo