Os sucos industrializados são uma mão na roda para mães que precisam ganhar tempo — e isso ninguém discute. E podem mesmo fazer bem
Basta agitar, colocar o canudinho e tomar.
Práticos até dizer chega, os sucos prontos, em embalagens individuais ou não, ganham cada vez mais espaço no carrinho de supermercado de pais e mães ultra-ocupados. E têm lugar cativo na lancheira dos baixinhos.
De olho nesse mercado ávido por novidades, os fabricantes se esmeram nos lançamentos. Oferecem sucos naturais de incontáveis sabores e turbinados com vitaminas ou ingredientes que integram a seletíssima lista de alimentos funcionais — caso da soja, a queridinha dos nutricionistas de norte a sul.
Páreo duro para os feitos em casa, pelo menos no quesito praticidade. Como os pais têm a saudável mania de querer o melhor para seus filhos, é inevitável que se perguntem se, ao optar pela bebida pronta, não estarão deixando a qualidade em segundo plano.
Sinto confirmar o que você talvez já suspeitasse: o que vem na caixinha não se compara àquela bebida preparada na hora, com frutas escolhidas a dedo e muito carinho. Diferentemente de algumas versões industrializadas, o suco feito em casa é totalmente livre de corantes e conservantes (presente principalmente nos refrescos) e adoçado na medida certa.
Suas vitaminas ficam preservadas, desde que tomados logo após o preparo, bem entendido. O suco caseiro só é pobre em fibras, assim como os prontos. Esses nutrientes amigos do bom funcionamento do intestino se perdem no processo de extração do sumo da polpa.
Doce demais
Segundo os especialistas, um dos maiores inconvenientes dos sucos prontos é a quantidade de açúcar, como concluiu a nutricionista Martha Paschoal, do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, em um levantamento recente. Para efeito de comparação, ela conta que um copo de suco de laranja feito na hora (200 ml) tem, em média, 9,7 gramas desse componente. Já uma caixinha de mesmo sabor conta com 26 gramas. Por isso, ao dar duas, três dessas caixinhas por dia a seu filho, você pode estar cevando um futuro gordinho se ele estiver no grupo de risco.Isso não quer dizer que essas alternativas de lanche devem ser abolidas. Nada disso. Os sucos prontos têm lá suas vantagens. Além de trazer a fruta para o cardápio dos baixinhos, que muitas vezes torcem o nariz para as versões in natura, eles têm boas doses de vitaminas. Muitas vezes basta uma porção para chegar à dose diária recomendada desses nutrientes. E aqui, outro ponto para os sucos prontos. A vitamina C da fruta espremida em casa some do copo rapidamente, pois se degrada a jato quando em contato com o ar e o calor. Se a criança demora para beber, pode dar adeus a esse nutriente famoso por fortalecer o sistema imunológico e combater os radicais livres, agentes responsáveis pelas doenças degenerativas. A ordem, então, é preparar e tomar. Com os prontos, isso não ocorre.
Saída de emergência
Vitaminados de um lado, açucarados demais de outro. O melhor, então, é saber tirar partido com moderação. Pode, sim, colocar uma caixinha na lancheira da escola, desde que acompanhada de uma fruta para garantir as fibras. E também não é nenhum pecado levar um desses produtos em passeios ou viagens. Em casa, já sabe: dê preferência ao suco natural, com pouca ou nenhuma adição de açúcar. “Evite mais do que uma dessas caixinhas por dia”, aconselha Fábio Ancona Lopez, pediatra e nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Para as crianças que estão na fase pré-escolar, a dose não deve ultrapassar metade da porção.” A nutricionista Daniela Silveira, que também é pesquisadora da Unifesp, arremata: “Como elas têm o estômago pequeno, metade dele fica ocupada pelo líquido e isso dá uma sensação de saciedade. Aí elas deixam de ingerir outros alimentos importantes”.
Os reis da vitamina C
Além de agradar o paladar da criançada, eles fortalecem o sistema imunológico e combatem os maléficos radicais livres
• Ades em vários sabores
Possui 38 mg por porção, o equivalente a 83% do valor diário recomendado com base em uma dieta de 2 mil calorias. Mas se o seu objetivo é usá-lo também como uma alternativa para o leite de vaca, alto lá. “Nessas bebidas, a proteína de soja é superdiluída”, afirma Roberto Hermínio Moretti, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (FEA/ Unicamp). “Uma concentração tão baixa não traz os mesmos benefícios do leite de soja tradicional.” Segundo a Unilever, fabricante do Ades, quem tem intolerância à lactose ou precisa fazer um controle do colesterol deve optar pela versão original, que contém 5 g de proteína por porção de 200 ml, semelhante à dos produtos lácteos.
• Maraú Orgânico Mix — laranja/acerola
Além de ser produzido sem agrotóxicos, contabiliza 150 mg do nutriente, o que corresponde a 240% do valor diário recomendado
.• Del Vale sabor pêssego
São mais de 12 sabores, entre eles os diferentes laranja com mel e abacaxi com hortelã. Fornece 93% do valor diário recomendado de vitamina C.
• Suco Mais sabor caju
Turbinado com 108 mg de vitamina C, o que corresponde a 180% do valor diário. O de manga ainda é enriquecido com 244 mcg de vitamina A (30% do valor diário recomendado).
Uma bebida, diferentes versões
Sucos feitos na hora
À base de frutas frescas, têm mais vitaminas e minerais do que a versão industrializada.
Em embalagem longa vida
Prefira os classificados como suco natural ou néctar, que contam com uma quantidade maior da polpa da fruta e não têm conservantes.
Sucos orgânicosSeguem as especificações do grupo dos néctares.O diferencial é que são feitos com produtos sem agrotóxicos.
Polpas congeladas
Elas perdem um pouco a qualidade e a quantidade de vitaminas, comparadas com os sucos feitos na hora. Mas são uma opção interessante para quem deseja controlar a quantidade de açúcar, pois é o próprio consumidor que adiciona ao prepará-lo.
Sucos em pó e refrescos
Além de conter uma quantidade mínima de suco de fruta, estão lotados de açúcar e produtos químicos, como os que dão cor, sabor e aroma, e podem desencadear alergias. Evite.
Levo este ou aquele?
Decidir pelo melhor entre tantas ofertas, convenhamos, não é tarefa fácil. A menos que você siga instruções tão simples quanto estas:
• Olho vivo no rótulo. Os sucos industrializados precisam ter registro no Ministério da Agricultura e especificar o número de inspeção na embalagem. Isso garante que o produto segue as regras legais de fabricação.
• Saiba quem é quem. De acordo com Rogério Tochini, pesquisador científico do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas, os sucos são enquadrados em três categorias — natural, néctar e refresco —, classificadas segundo sua composição. A primeira designa as bebidas que contêm a polpa e o suco concentrado da fruta – no caso da manga e da goiaba, espécies mais viscosas, podem ter até 10% de água potável.
• A grande maioria dos sucos de caixinha é classificada na categoria de néctar. Eles também contam com a polpa da fruta, só que em quantidade menor (entre 25% e 50%), além de levar mais água e açúcar. Não podem ter aditivos químicos, como corantes e conservantes, e devem ser pasteurizados.
• Os refrescos contam com a mesma composição, mas o suco da fruta entra em menor quantidade (entre 10% e 20%). Eles contêm aromatizantes e corantes. “Os sucos naturais e os néctares são as opções mais saudáveis”, explica Tochini. “Bebidas com corantes, que podem desencadear alergia, e outros ingredientes químicos devem ser evitadas.” Não custa lembrar: casos de alergia por corantes são raros, mas não impossíveis.
Fonte: Saúde é vital.
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