segunda-feira, 17 de novembro de 2008

TRANSGÊNICO



O que é um transgênico?

Transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGM), são seres vivos criados em laboratório a partir de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza: planta com bactéria, animal com inseto, bactéria com vírus, etc. Usando uma técnica que permite cortar genes de uma determinada espécie e colá-los em outra, os cientistas criam organismos totalmente novos com características específicas.A soja Roundup Ready da Monsanto, por exemplo, recebeu genes de um vírus, duas bactérias e uma flor para se tornar resistente ao agrotóxico vendido pela própria Monsanto.A transgenia é uma técnica diferente de melhoramento genético, que realiza cruzamentos dentro da própria espécie, ou seja, milho com milho, soja com soja, arroz com arroz, etc.

Por que o Greenpeace faz campanha contra os transgênicos?

O Greenpeace faz campanha apenas contra a liberação dos transgênicos no meio ambiente, o que pode causar impactos imprevisíveis, irreversíveis e incontroláveis. Ainda há pouquíssimos estudos sobre o que pode acontecer com a saúde humana ou animal caso esses organismos sejam plantados. Até agora, ninguém conseguiu provar que eles sejam seguros. Existem transgênicos farmacêuticos que são criados e manipulados em laboratório, sob rígido controle. Nestes casos, o Greenpeace não se opõe.

Que tipo de transgênicos existem no mundo atualmente?

Desde o início da utilização dos transgênicos em larga escala, em 1997, apenas 3 tipos foram adotados comercialmente: os trangênicos para resistir a um determinado agrotóxico; os transgênicos criados para terem propriedades inseticidas; e os transgênicos que combinam essas duas características.Muitas pessoas acreditam que os OGM foram criados para produzir mais, ou para ter mais nutrientes, ou ainda para resistir a chuvas, secas e temperaturas extremas. No entanto, depois de mais de 10 anos da primeira plantação comercial de transgênicos, nada disso se confirmou. Essas variedades até foram estudadas em laboratório, mas nunca chegaram a ser comercializadas.No Brasil, a primeira variedade aprovada foi a soja da Monsanto, resistente a um agrotóxico da própria Monsanto.
Qual o problema dos transgênicos para o meio ambiente?

Entre os principais problemas ambientais relacionados aos transgênicos está a contaminação genética, que acontece quando plantas transgênicas cruzam com plantas convencionais e se sobrepõem, causando uma perda da diversidade genética da espécie. Isso já aconteceu com o milho no México, por exemplo. Variedades que vinham sendo melhoradas há séculos pelos agricultores foram perdidas quando tiveram contato com o milho transgênico.Além disso, os OGM também podem aumentar o uso de agrotóxicos. A soja da Monsanto, por exemplo, foi feita para ser resistente a um único pesticida. Após alguns anos usando sempre o mesmo produto, o agricultor começa a ter problemas para matar as ervas daninhas, que passam a ficar mais fortes e resistentes. Para acabar com esse problema, ele é obrigado a aplicar o veneno mais vezes e em quantidades cada vez maiores. E isso significa que mais agrotóxico será depositado no solo e na água ao redor da lavoura.

Os transgênicos fazem mal à saúde?
Até hoje, ninguém conseguiu provar que os transgênicos são seguros para o ser humano. Mas o aumento do uso de agrotóxicos não é um bom sinal, pois significa maior quantidade de resíduo de veneno indo para o seu prato. Prova disso é que quando o governo brasileiro autorizou a soja transgênica no país, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) teve que aumentar em 50 vezes a quantidade permitida de resíduo de agrotóxico na soja. Ou seja: ao comer a soja transgênica, os brasileiros estão comendo pelo menos 50 vezes mais veneno.Os poucos estudos sobre os efeitos dos transgênicos na saúde humana indicam que há possibilidade de aumento de alergias, aumento da resistência a tratamentos com antibióticos e alterações de peso em fígados e rins de cobaias. No entanto, nenhum estudo até hoje foi conclusivo. E é justamente por isso que devemos ter cuidado dobrado: como não existem informações suficientes sobre a segurança dos transgênicos para os seres humanos, consumi-los significa correr um risco desnecessário.

Os transgênicos dispensam o uso de agrotóxico?

Não, nem um pouco. Pelo contrário, no médio e longo prazo, o uso de agrotóxico aumenta.Uma avaliação feita nos Estados Unidos durante os oito primeiros anos de cultivo de transgênicos no país revelou que houve uma redução no uso de agrotóxicos inicialmente (nos 3 primeiros anos), mas a partir do sexto ano, a quantidade aumentou significativamente. Isso aconteceu devido ao surgimento das ‘super-pragas’. É o que acontece quando se usa um antibiótico durante muito tempo para combater uma doença. No início, o efeito é bom, mas com o tempo o organismo adquire resistência e devemos aumentar as doses. Um dia o antibiótico pára de fazer efeito e é preciso mudar de produto.Com o agrotóxico, é a mesma coisa. O agricultor pode aplica-lo algumas vezes e ter resultado. Porém, após repetidas aplicações da mesma substância, começam a aparecer ervas daninhas que resistem àquela agrotóxico. Aí, ele é obrigado a aplicar outras substâncias, mais vezes e em quantidades maiores.

Os transgênicos produzem mais? São mais baratos?
Não, pelo contrário. No Rio Grande do Sul, por exemplo, que produz soja transgênica há quase dez anos, a produtividade tem sido menor do que no Paraná, que cultiva majoritariamente soja não-transgênica.Os transgênicos também não são mais baratos. Em 2007, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) divulgou nota informando que os agricultores que plantaram soja transgênica tiveram mais custos do que os que optaram pela soja convencional. Isso porque o glifosato, agrotóxico usado na soja transgênica, teve um aumento de 50% em seu preço, levando os custos de produção de soja transgênica para as alturas.

Os transgênicos podem ajudar a combater a fome no mundo?

A idéia de que os transgênicos podem ajudar a combater a fome no mundo está baseada na falsa premissa de que existe uma diferença entre a quantidade de alimentos produzidos e a quantidade de pessoas que habitam o planeta. No entanto, o próprio chefe da Organização para Alimentos e Agricultura (FAO) da ONU, Jacques Diouf, reconhece que “o mundo produz alimentos suficientes para alimentar todas as pessoas que habitam o planeta – e poderia produzir até mais”. A fome não é exclusiva dos países com baixo estoque de alimentos. Muitas pessoas passam fome porque são pobres e não podem pagar por alimentos, ou porque não têm terras onde poderiam cultiva-los.O Greenpeace acredita que a solução para o problema da fome está em capacitar o mundo para que alimente a si mesmo. A organização documentou projetos em milhões de propriedades em mais de 50 países de todo o mundo, que mostram que as populações mais pobres podem ser auto-suficientes usando tecnologias baratas, disponíveis localmente e que não prejudiquem o meio ambiente e ainda assim aumentar suas colheitas em cerca de 73%.A engenharia genética não é a resposta para esse problema. Na verdade, ela poderia piorar a situação ao aumentar a monopolização do mercado de sementes e as tentativas das empresas de negar aos agricultores o seu direito de guardar, trocar e replantar as sementes.

Como se dá o processo de liberação de um transgênico no Brasil?

Desde 2005, a Lei de Biossegurança determina as regras para a liberação de novos transgênicos. Para ser plantado em escala comercial e vendido para consumidores e agricultores em todo o país, uma nova variedade precisa passar por duas comissões: a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e o CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança).A CTNBio é um órgão técnico, composto por 27 membros titulares e 27 membros suplentes. É obrigatório ser brasileiro e possuir doutorado. O CNBS é composto por 11 ministros de estado e tem o papel de avaliar os aspectos sociais e econômicos da liberação.Nem Ibama e nem Anvisa – que são os órgãos especializados em meio ambiente e saúde, respectivamente – participam do processo de liberação comercial de transgênico no Brasil.

O Brasil toma medidas para evitar problemas com o plantio de transgênicos?

Não. Até hoje, não foram feitos estudos de impacto ambiental para nenhum dos transgênicos liberados no Brasil, o que desrespeita o artigo 225 da Constituição Brasileira. Também não existem normas de coexistência e monitoramento que evitem, de fato, a contaminação de variedades por organismos geneticamente modificados.
As liberações de transgênicos no Brasil têm sido feitas com base apenas em estudos apresentados pelas próprias empresas, sem levar em conta evidência contrárias aos transgênicos. O próprio Greenpeace já encaminhou diversos estudos sobre os impactos dos transgênicos na saúde e no meio ambiente ao órgãos competentes, mas esses estudos nunca foram analisados.
Recentemente, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) contestou a liberação de duas variedades de milho, alegando que não havia estudos suficientes que garantissem a segurança daqueles produtos. Mesmo assim, o governo os liberou.

O Brasil não está ficando pra trás na economia mundial ao deixar de liberar e plantar transgênicos?

Muito pelo contrário. O Brasil tem ganhado cada vez mais mercados pelo fato de ser o único grande fornecedor de grãos não-transgênicos do mundo e corre o risco de perder estes mercados com a liberação do plantio de transgênicos.Mais do que isso, ao plantar transgênicos, os agricultores brasileiros precisam pagar royalties para as multinacionais detentoras das patentes dessas variedades transgênicas. Estas empresas estão buscando o monopólio do mercado de sementes e agrotóxicos, tornando nossa agricultura cada vez mais dependente de grandes corporações e enviando uma parte significativa do lucro gerado por este setor para fora do país.

Por que escolher produtos livres de transgênicos?
Todo consumo causa algum tipo de impacto – positivo ou negativo – na economia, na sociedade, no meio ambiente e em você mesmo. Ao pesar esses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode contribuir com a construção de um mundo melhor. A opção de consumir ou rejeitar um determinado produto vai indicar para os fabricantes e para a sociedade que você não está disposto a comprar algo que não respeite a sua saúde e o meio ambiente. Isso se chama consumo responsável.Uma atitude simples pode fazer toda a diferença. Se você descobrir que o produto que está acostumado a comprar pode ter sido fabricado com ingredientes transgênicos, tem o rótulo de transgênicos ou está na lista vermelha do Guia do Consumidor, basta trocá-lo por um outro produto da lista verde.Ao trocar o seu produto de costume por um produto que não use ingredientes transgênicos, você ajuda a diminuir a demanda por esses produtos e manda um recado claro para quem os produz. Você está dizendo para o fabricante que não há espaço para transgênicos no seu carrinho de supermercado. E assim você e cada brasileiro pode se tornar um ativista em defesa do meio ambiente.

Quem ganha com a comercialização de transgênicos?

Levando-se em conta os riscos associados à transgenia, é difícil entender exatamente quem se beneficia com os produtos desta tecnologia. As multinacionais agroquímicas que estão desenvolvendo e promovendo a biotecnologia levantaram uma série de argumentos a respeito das vantagens de seus produtos, mas poucos deles se sustentam.Eles argumentam, por exemplo, que os cultivos transgênicos aumentam a produtividade e que trarão benefícios, particularmente para pequenos agricultores nos países em desenvolvimento. Até o momento, porém, nenhum transgênico plantado comercialmente apresentou aumento de produtividade. Desde que a soja transgênica foi liberada no Brasil, a Monsanto tem enchido seus cofres graças à cobrança de royalties, venda do agrotóxico que é aplicado na soja transgênica e venda de sementes. Com novas liberações, outras empresas do setor de agroquímicos também vão passar a lucrar da mesma maneira."A Monsanto não deveria se responsabilizar pela segurança dos alimentos produzidos pela biotecnologia. Nosso interesse é vender o máximo possível." Philip Angell, diretor de comunicação da Monsanto.

O que é o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança?

O Protocolo de Biossegurança, assinado em janeiro de 2000, entrou em vigor em setembro de 2003 e é o único acordo internacional que trata do movimento de transgênicos entre países. A assinatura do Protocolo significa o reconhecimento de que a engenharia genética pode trazer danos ao meio ambiente e à saúde humana e necessita, portanto, ser controlada. O Protocolo estabelece, por exemplo, que o exportador forneça informações ao país importador sobre as características e a avaliação de risco do transgênico que está sendo comercializado. De acordo com o Protocolo, a avaliação destes riscos deve ser custeada e apresentada pelo exportador, se a parte importadora assim o exigir. E nenhuma comercialização é permitida até que a parte importadora tenha aprovado. O Protocolo é o único instrumento internacional legal reconhecido para regulamentar o transporte de transgênicos. Sem ele, cada país precisaria recorrer à sua própria legislação. E sem um padrão internacional, os países correriam o risco de sofrer retaliações na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Protocolo estabelece procedimentos que estão de acordo com a OMC e, por isso, elimina qualquer possibilidade de questionamento quanto às leis de comércio internacional. O Protocolo de Biossegurança reconhece que o conhecimento científico sobre transgênicos é incompleto e permite que os países tomem medidas para prevenir danos ambientais na ausência de certeza científica sobre o dano, permitindo que as partes tomem a decisão de "evitar ou minimizar tais efeitos potenciais adversos".

O que é o arroz dourado? Ele é plantado no Brasil?

O arroz dourado é um transgênico criado com a intenção de reduzir a deficiência de vitamina A em populações que tradicionalmente alimentam-se com o arroz. Anos de pesquisa formam gastos e o resultado foi um grão de arroz com um teor de pró-vitamina A muito baixo. Para ingerir a quantidade diária necessária de vitamina A, um homem adulto teria que comer 9 quilos de arroz dourado cozido por dia.A principal causa da deficiência de vitamina A é alimentação baseada apenas em arroz e mais nada. Por isso, o Greenpeace acredita que a solução para a deficiência de vitamina A está em um hábito alimentar diversificado com a presença de frutas e hortaliças – e não em um transgênico que tente suprir essa necessidade sem resolver o problema de fundo. O arroz dourado nunca foi plantado comercialmente no mundo e não há pedidos de liberação comercial dessa variedade no Brasil. O pedido de liberação comercial de arroz transgênico que está pendente no Brasil não é para o arroz dourado. A variedade em questão é o arroz Liberty Link, da Bayer, que foi feita para resistir ao agrotóxico glufosinato, também produzido pela Bayer.

Fonte: Greenpeace

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