terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Alimentos regionais:Mais que uma economia, uma questão de saúde

Um dos maiores nomes da literatura e também um dos mais polêmicos disse uma vez que “toda unanimidade é burra”. Uma afirmação dessas faz todo o sentido quando dita por Nélson Rodrigues. Mas, como para toda regra a exceções, vamos ter que discordar e apresentar ao menos uma exceção. Estamos falando sobre a valorização dos alimentos regionais. Essa unanimidade, que nos perdoe Nélson Rodrigues, definitivamente, não é burra. Muito pelo contrário.
O Brasil, todos sabem, é um país com dimensões continentais. Isso propicia uma riqueza de recursos naturais climáticas, culturais e hábitos. É, portanto, impossível classificar o povo brasileiro em um só tipo: somos abundantes em diferenças e diversidades. Isso nos torna um povo especial. E nossa alimentação reflete nossos hábitos, nossa história e nossa cultura.
Pensando nisso, o Conselho Federal de Nutricionistas lançou, em 2009, uma campanha pela valorização dos alimentos regionais. No Rio Grande do Sul, a campanha foi muito bem recebida não apenas pelos nutricionistas e técnicos em Nutrição e Dietética, mas também, pelas instituições ligadas à saúde e segurança Alimentar, como CONSEA,FETAG, FESANS, EMATER, COEP, Ação da Cidadania, entre outros e , principalmente pelos pequenos agricultores. Todos comemoraram as mudanças na legislação do programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Os alimentos regionais possuem muitos benefícios: têm alto valor nutritivo, são de fácil acesso e, por isso têm baixo custo. São boas fontes ricas em nutrientes e auxiliam para o crescimento e desenvolvimento das pessoas. Além das questões relativas à saúde, a valorização e o incentivo ao consumo de alimentos regionais beneficiam a economia local, recolocando agricultores em melhores condições de mercado.
A presidente do CRN-2, Ivete Ciconet Dornelles, lembra, ainda, que consumindo alimentos regionais, estes percorrem caminhos mais curtos, diminuindo o tempo de transporte. Assim, o meio ambiente também é beneficiado. “Diminuindo o tempo entre a colheita e o consumo dos alimentos e dos horti-fruti, os mesmos conservam mais suas vitaminas e o aproveitamento pelo organismo é maior. Sem falar na questão da produção e consumo que, economicamente, é ótimo para geração de trabalho e renda”.
Valorizar os alimentos produzidos na nossa terra é reafirmar nossa história.


Alimentos que são hábitos no RS

O churrasco surgiu no inicio do século XVIII na região dos pampas. À época, a região disputada por castelhanos e paulistas, possuía milhares de cabeças de gado selvagem, oriundas de Buenos Aires e de outras áreas da Argentina. Como não havia preocupação com o comercio da carne bovina, mas com a obtenção de couro e de sebo, o churrasco ainda não era comum. Retiradas as partes tidas como importantes, os vaqueiros cortavam o pedaço mais fácil de partir e o assavam inteiro num buraco aberto no chão, temperando-o com a própria cinza do braseiro. No final do século XVII, o churrasco tornou-se mais difundido e criaram-se novas técnicas de preparo. Aos poucos foram surgindo os cortes especiais da carne, como costela e paleta.

O arroz de carreteiro surgiu quando os carreteiros (mercadores ambulantes que atravessavam o Sul do Brasil em carretas puxadas por bois) aproveitavam os resto de churrasco e os comiam juntamente com arroz e charque e hoje pode ser saboreado em todo o país.

A origem do chimarrão não tem dados precisos, mas historiadores defendem a idéia de que a origem está na cidade de Assunção, no século XVI, quando o local havia-se transformado na pérola das colônias espanholas na América. Em um dos momentos de exploração dos arredores, os colonizadores foram recebidos por 300 mil índios guaranis.
Segundo conta Barbosa Lessa em seu livro “história do chimarrão”.
Além da acolhida, que chamou a atenção foi que os índios de Guaíra eram mais fortes do que os guaranis de qualquer outra região, mais alegres e dóceis. E , entre seus hábitos, havia o uso de uma bebida feita com folhas fragmentadas,tomadas em um pequeno porongo por meio de canudo de taquara na base um trançado de fibras para impedir que as partículas das folhas fossem ingeridas. Os guaranis chamavam-na de cáai (água de erva saborosa) e dizem que seu uso fora transmitido por tupã. Os colonizadores experimentaram e aprovaram a novidade. Em pouco tempo, o comércio da erva-mate se tornou mais rendoso da colônia e o uso do chimarrão se estendeu ás margens do Prata.

Os alimentos típicos do RS

Alguns alimentos se confundem com a tradição e a história do povo gaúcho. Churrasco, arroz de carreteiro e chimarrão são exemplos típicos dos rio-grandenses. Outros alimentos, porém, são produzidos aqui e não fazem parte do dia a dia das famílias. Confira alguns desses alimentos:
Abobora, ameixa, arroz, batata doce, bergamota, brócolis, erva-mate, ervilha, feijão preto, kiwi, laranja, lentilha, maçã, mandioca, manjericão, milho, moranga, pêssego, pinhão, queijos, sojas, tomate, trigo, uva.



Fonte: CRN2

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