terça-feira, 2 de junho de 2009

Alimentação no Antigo Egito



A civilização egípcia iniciou sua história entre os rios Eufrates e Tigres, entretanto, foi às margens do rio Nilo que os egípcios, após se deslocarem até este, começaram o seu fortalecimento e crescimento. Estudiosos apontam que o crescimento da civilização está embasado no aumento da eficiência do trabalho do homem, fato que permitiu ao homem egípcio tornar-se muito produtivo.

A base da alimentação dessa civilização constituía-se de trigo, cevada e pão acrescidos de vegetais como a cebola, fava e lentilha, leite, queijo e uma grande variedade de peixe. A bebida consumida em quase todas as refeições era a cerveja. O dia era composto de três refeições, sendo a primeira com frutos; a do meio do dia era geralmente realizada fora do lar, com carnes, pão, vinho, cerveja e frutas; e a terceira refeição (considerada como sendo a principal), ocorria ao final da tarde e tinha a carne de ganso assada como prato preferido.

Dentre os alimentos disponíveis estavam frutas como figo, tâmara, pomo (fruto carnudo composto de paredes espessas do cálice que envolve um ou mais carpelos, tal como maçã, pêra, marmelo), romãs, amêndoas e outros. A chufa (planta chamada de amêndoa, pois ao ser esmagada produz um líquido com sabor característico) era o alimento predileto.


Também se cultivava cogumelo, repolho e ervilhas secas. Como condimentos, o alho e o açafrão eram amplamente utilizados, sendo o açafrão encontrado em muitas pinturas como oferenda ao deus Sol. Com relação ao leite, este deveria ser acondicionado em um vaso específico ornamentado com desenho na face externa. Cabe ressaltar que às mães resguardava a tarefa de amamentar em especial os filhos varões, e também lhes levar pão e cerveja enquanto eram educados na casa dos tutores.

Durante a antiguidade, a divisão do trabalho no Egito era de acordo com o gênero, cabendo aos homens a tarefa de trabalhar no campo, enquanto às mulheres deveriam despender seu tempo na confecção de artefatos domésticos. Como exemplos de utensílios utilizados na cozinha estão: cestos, pratos individuais, espetos de metal, colheres e copos de bronze.

Para os egípcios, a idéia de paraíso era como a de um campo de alimentação farto. Desse modo, adicionavam aos mortos o grão de uma planta chamada painço, por acreditarem que aquele que chegasse ao céu mereceria ter algo para comer. É importante destacar que muitos, por viverem em escassez de recursos financeiros, materiais, e até mesmo em situação de fome, desejavam após a morte, irem para o céu, lugar em que não passariam fome outra vez.

Retratando um pouco a alimentação no universo que permeava a figura do faraó, pode-se dizer que havia muita fartura. Havia todos os tipos de iguarias para serem consumidas o quanto bastasse: vinho, cerveja, mel, carne-seca, gordura animal, aves e azeite. Em comparação, o povo simples (em especial os camponeses) sofria com os efeitos da fome, bastando uma cheia repentina do rio ou o surgimento de uma crise política para assolá-los. Os itens presentes no cardápio dessa camada da população dita “povo simples” continham diferentes variedades de pão e uma cerveja muito energética chamada henequet.




A moral sempre esteve à mesa do povo egípcio. Comportar-se de modo sóbrio em relação aos prazeres da mesa era garantia de ordem social. Dentro disso estão envolvidas questões como respeito pela hierarquia (base do sistema social nessa época) e religião (que também impunha seus tabus).

Nos dias atuais, a alimentação dos descendentes dessa civilização continua sendo o pão e alguns alimentos como a lentilha e cebola, as quais compõem um prato típico do Egito – o “ensopado de ervilhas”, servido com cereal cozido e azeite de olivas. Influências como as advindas da culinária grega, italiana, árabe, turca e francesa, permitem uma ampla variedade de receitas e sabores. Entretanto, o doce preferido atualmente tem como ingrediente principal a amêndoa – muito consumida desde a antiguidade –, compondo iguarias como o kanafa (patê de amêndoas) e baklama (bolo de amêndoas). Há também o kebab, feito de carne de frango ou carneiro servida em um espetinho, que nos tempos dos faraós era consumido apenas uma vez ao ano.

Como curiosidade, a primeira prescrição dietética de que se tem relato está no papiro de Ebers datado de 3400a.C. Tal documento traz os dizeres: “por isso foram instalados postos com suas funções atribuídas para fornecer nutrição e todos os alimentos... Tudo tem que ser obtido dos mesmos, alimento, nutrição ou gêneros para os deuses e tudo que for bom para satisfazer suas necessidades alimentares”.

Referências

Agência de Notícias Brasil-Árabe. Disponível em: <
http://www.anba.com.br/>. A

Discovery Channel. Disponível em: <
http://www.discoverybrasil.com/egito/brasil_dc_egito_home/>.

Egito Turismo. Disponível em: <
http://www.egito-turismo.com/>.

Gastronomia e negócios. Disponível em: <
http://gastronomiaenegocios.uol.com.br/artigosecolunas_ver.php?idMateria=448>.

Michaelis. In: Universo OnLine. Disponível em: <
http://biblioteca.uol.com.br/?tipo=http%3A%2F%2Fmichaelis.uol.com.br%2Fmoderno%2Fportugues%2Findex.php%3F&palavra=pomo&x=14&y=10>.

Ornellas LH. A alimentação através dos tempos. 3ª. ed; Florianópolis: UFSC; 2003.

Tallet P. História da cozinha faraônica: a alimentação no Egito Antigo. São Paulo: Senac; 2005.

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